Como sobreviver a um período de ausência no mercado de trabalho?

Como sobreviver a um período de ausência no mercado de trabalho?

Um dilema familiar me fez pensar nesta questão.

São vários os motivos que podem nos levar à ausência no mercado de trabalho, colocando em risco todo o prestígio que conquistamos ao longo de vários anos de estudo e trabalho sério e coerente: um tratamento médico, uma licença-maternidade, uma viagem de estudos, um mestrado ou doutorado, um projeto social, um período sabático…

Mas como podemos nos dedicar a essas causas sem sacrificar nossa carreira?

Pensando um pouco cheguei à seguinte resposta: zelando durante esse período pelos nossos capitais intelectuais.

Falei um pouco sobre “gestão do conhecimento pessoal” em um post há dois anos, lembram-se? Eis o post em questão: https://mygc.wordpress.com/2009/01/27/experimentando-a-gestao-do-conhecimento-pessoal/

Se – conforme sugeri nesse post – o nosso valor no mercado de trabalho está associado a nossos capitais humano, estrutural e de relacionamento, basta (ok, sei que não é simples assim) zelar pela manutenção (e evolução, se der tempo) desses capitais.

Boas sugestões genéricas seriam: continue atualizado em sua área (leia), documente seus processos de trabalho e fontes de informação e mantenha sua rede de relacionamentos.

Você pode fazer isso estudando, mantendo um blog, enviando e-mails de felicitação, acompanhando os status de seus contatos no LinkedIn, entre outras medidas.

Que tal lhes parece?

Estou inicialmente satisfeito com essa abordagem. Falta apenas testar. Algum candidato?

Gestão de Sorte – que tal?

Ao longo da vida deste blog tenho horas e outras abordado temas de estudo que tangenciam a gestão do conhecimento. São os casos de gestão de relacionamento, gestão de confiança e gestão de fatores de influência.

Tenho feito isso porque algumas dessas propostas podem ser de utilidade em projetos de implementação da GC. Para promover mudanças na cultura da empresa, para estimular a colaboração, para propagar exemplos de comportamento, etc.

Em uma atividade em sala de aula nesta semana (na pós-graduação em GC&Inovação) elencávamos as características necessárias para se implantar a gestão do conhecimento no contexto de alta complexidade em que as organizações estão inseridas.

Ao lado de características como flexibilidade, relacionamentos, visão, confiança e outras, surgiu a variável sorte. Para ter sucesso em empreitadas em um mundo complexo, é preciso ter sorte.

A idéia a princípio é desconfortável, pois leva ao campo do acaso o sucesso ou insucesso em meio a tantos esforços planejados. Mas rapidamente fizemos um upgrade nessa proposta.

E se considerarmos a velha definição de que sorte é o encontro do preparo com a oportunidade?

Preparo, certamente, é algo que está em nossas mãos. Depende essencialmente de nós (ou de nossas empresas) nos prepararmos para a atuação nos cenários que almejamos. Isso depende, é claro, de uma visão clara de quais são esses cenários e seus requisitos.

Oportunidade, por outro lado, não depende exatamente de nós – mas podemos nos posicionar proativamente em situações (locais físicos, círculos de relacionamento) onde as oportunidades têm maior probabilidade de surgimento.

Preparo e oportunidade são, assim, gerenciáveis. Podemos gerenciar nossa sorte.

Haveria espaço para umChief Luck Office nas empresas? Gestão de competências é apenas metade da equação. Inteligência Competitiva é a outra metade.

Ok, ok, isso certamente é algo que alguém já faz nas empresas, talvez sem uma denominação específica. Mas o exercício valeu pela diversão. Agradeço aos meus colegas alunos por essa oportunidade.

Práticas individuais de GC – sugestões Terraforum

Continuo acreditando na gestão do conhecimento pessoal.

Não apenas porque a gestão do conhecimento corporativo depende em parte da atitude individual de seus colaboradores, mas também porque acredito que os indivíduos precisam ter domínio de seus ativos intangíveis pessoais e possuir processos para manter e desenvolver seu conhecimento.

O blog da Terraforum publicou recentemente algumas recomendações sobre como colaborar com a GC corporativa através de atitudes individuais.

O artigo original segue aqui, mas eis a lista das sugestões:

  • Compartilhe conhecimentos
  • Faça perguntas, aprenda com os outros e com a organização
  • Entenda as prioridades da organização no curto e longo prazo
  • Colabore
  • Valorize as iniciativas de colaboração e compartilhamento dos colegas
  • Mantenha-se antenado
  • Conecte-se às redes de conhecimento
  • Tenha visão de futuro

Respondendo à pergunta feita no blog – “o que falta?” – eu diria: tenha domínio sobre os seus conhecimentos pessoais. Saiba o que você sabe e planeje a aquisição, manutenção e descarte dos mesmos.

Da Gestão Pessoal do Conhecimento para a Gestão Social do Conhecimento

Personal Knowledge Management (PKM) não é um tema muito constante na gestão do conhecimento.

Li o post O que é Personal Knowledge Management de Luciana Annunziata no blog Idéias para Inovar e encontrei ali uma abordagem interessante.

O trecho que me chamou a atenção foi o seguinte:

(…) Aqui temos um ponto muito interessante, porque a gestão pessoal do conhecimento não diz respeito somente ao modo como uma pessoa absorve conhecimento, mas também à sua capacidade de produzir e compartilhar. Na gestão pessoal do conhecimento, não pensamos apenas em nós mesmos, mas em nossa rede e em como podemos alimentá-la. Qual o conhecimento que somente eu poderia gerar e compartilhar com a minha rede?

Dessa forma, a gestão pessoal do conhecimento seria a base para a gestão social do conhecimento, facilitada e estruturalmente catalisada pelas ferramentas tecnológicas que hoje ativam nossas redes sociais.  (…)

Essa abordagem me pareceu interessante porque conecta dois temas que tenho estudado separadamente: a gestão do conhecimento pessoal e a aplicabilidade das redes sociais.

Cultivar as relações sociais já me parecia comercialmente justificável por tornar o conhecimento dos membros da rede prontos para acionamento quando necessário, mas o conceito de gestão social do conhecimento sugere que o método de PKM que rascunhei há algum tempo poderia ser aperfeiçoado para prever a contribuição para as redes.

Por enquanto é apenas uma idéia. A utilidade desta conceituação para a gestão de redes sociais é de concepção um pouco mais difícil.

Livro on-line gratuito: Introdução aos Metadados, Edição On-line, versão 3.0

Eis um bom fruto da minha tradicional garimpagem: um livro on-line gratuito sobre criação e manutenção de metadados.

Não li o livro todo – mesmo porque é um guia prático – para saber quão completo é, mas certamente não é uma daquelas bíblias de 1000 páginas tão comuns no bibliografia de tecnologia da informação.

Mas quem já tentou obter uma resposta curta e objetiva para as perguntas “afinal, o que é uma taxonomia”, “como faço para construir uma taxonomia” e “qual é a diferença entre taxonomia e xxxxxxxxxxxx” reconhecerá seu valor.

O livro se chama Introduction to Metadata, Online Edition, Version 3.0 e está disponível em http://www.getty.edu/research/conducting_research/standards/intrometadata/

O livro é uma dica do site Elearningpost, que sempre recomendo.

Como eu disse em outro post sobre Gestão do Conhecimento Pessoal, os sites que você conhece e as fontes que você coleciona fazem parte do seu capital intelectual pessoal. Desenvolva o seu capital – estou contribuindo com a minha parte :-).

Minha caixa de ferramentas para GC: CWA 14924, Goldman, KMMM e GC pessoal

Este é um post do tipo que tenho grande prazer em escrever para que eu mesmo não me esqueça das conclusões a que cheguei.

Os amigos que me conhecem há algum tempo no campo da GC já sabem que faço um esforço contínuo para ver sentido entre as inúmeras tentativas de explicar a gestão do conhecimento, a gestão do capital intelectual e todos os assuntos que os tangenciam.

Pois bem: no momento tenho um conjunto de propostas preferidas que consigo conciliar de uma forma que faz sentido para mim. Esse foi um esforço necessário para entender por que essas propostas sobre o mesmo assunto pareciam tão diferentes mas igualmente boas.

Em “Ave, CWA 14924” resumi rapidamente os volumes desse guia europeu para implementação da gestão do conhecimento.

Hoje acredito que poderia substituir a primeira camada do gráfico apresentado no primeiro volume do guia (“CWA 14924-1 – KM Framework”) pelo diagrama do Modelo Goldman da Dinâmica do Conhecimento Organizacional, que após uma conversa com Fernando Goldman por e-mail (obrigado, Fernando) entendi ser uma representação mais completa que a original dos processos de gestão do conhecimento por mostrá-los integrados aos processos organizacionais convencionais.

O processo de implementação proposto  no volume 3 do guia (“CWA 14924-3 – Implementing KM in Small and Medium-Sized Enterprises (SMEs)”), por sua vez, poderia ser substituído pela visão mais completa do modelo KMMM da APQC. O processo original (similar a um ciclo PDCA) certamente é válido (como toda aplicação do ciclo PDCA) mas o modelo baseado em níveis de maturidade oferece a possibilidade de benchmarking e uma visão de próximos passos.

Por fim, a ferramenta que eu mesmo tenho rascunhado como complemento à GC corporativa: um método de Gestão do Conhecimento Pessoal.

Bem, ainda terei muito trabalho para garantir que essas referências são úteis se combinadas dessa forma. Mas fica aqui antecipadamente a sugestão.

Como costumo dizer a meus alunos: posso estar errado e mudar de idéia, bastando para isso que alguém me convença de que há interpretação melhor. Mas isso faz sentido para mim no momento.

Experimentando a Gestão do Conhecimento Pessoal

Que tal experimentar fazer uma gestão do conhecimento pessoal?

Estou arquitetanto um método para aplicação pessoal da GC que seja integrável com uma GC corporativa e decidi agilizar um pouco o seu desenvolvimento publicando-o aqui. Assim, além de experimentá-lo pessoalmente talvez consiga ajuda de um leitor corajoso. Peço desculpas antecipadamente por ser ainda um roteiro rústico. 

A gestão do conhecimento pessoal é usualmente chamada de PKM (Personal Knowledge Management). Já comentei com diversos amigos e alunos que no contexto corporativo acredito fazer mais sentido interpretar “PKM” como “PK Management” que como “Personal KM“. Afinal, faz sentido para a empresa criar meios para a apoiar seus colaboradores na gestão do seu precioso capital intelectual, enquanto não parece interessante promover métodos pessoais de gestão do conhecimento – métodos que são de uso exclusivo pessoal.

Este post, porém, se inicia no caminho oposto. Proponho abaixo um método de gestão do conhecimento para uso pessoal – que, se adotado de forma padronizada e relacionada à estratégia em uma organização, poderá se tornar uma ferramenta de “PK Management“.

O principal conceito que adotei foi o de Capital Intelectual. Após muito ponderar, concluí que assim como as organizações possuem um acervo de ativos intangíveis (chamados “Capital Intelectual” e classificados em  capital estrutural, capital humano e capital de relacionamento), também assim ocorre com os profissionais individuais.  Temos valor para nossos empregadores, nossos círculos de relacionamento profissional e para o mercado porque temos esses capitais intelectuais que caracterizam nossa capacidade de realização.

A esta altura cabe esclarecer: não estou defendendo o enclausuramento do conhecimento individual, mas sim o auto-conhecimento para que cada profissional assuma as rédeas de sua evolução. Compartilhar ou não deve sempre ser uma decisão ganha-ganha – e eu estimulo o compartilhamento porque acredito que há inúmeras formas de se ganhar algo em troca (mesmo que seja a sensação de fazer o bem).

O “método”

Criei uma singela ficha onde é possível enumerar seus capitais intelectuais, divididos nos três tipos. Sugiro preencher uma ficha para cada contexto em você atua (afinal, você atua em diversos contextos diferentes fazendo uso de um leque de capitais diferentes em cada um deles). 

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Gestão do Conhecimento 2.0 é um retorno à Gestão do Conhecimento 0.0?

O sufixo “2.0” tem sido amplamente utilizado para indicar tudo aquilo que é realizado colaborativamente, ou seja, com a participação massiva dos usuários usualmente por meio de ferramentas de tecnologia da informação disponibilizadas via internet. Do termo “web 2.0” cunhado pela O’Reilly em 2005 têm se originado derivações como “GC 2.0”, “Governo 2.0”, “Marketing 2.0” e outros.

Através do post “Mídia Social vs. Gestão do Conhecimento” no blog de Fabiano Caruso (obrigado, Fabiano) cheguei ao post de Dave Pollard sobre a “GC 2.0” chamado “Friday Flashback: KM 0.0 — A Pragmatic Approach to Social Networking and Knowledge Management for Business“, em que Pollard afirma que a tal “GC 2.0” nada mais é que um retorno às práticas de gestão individual de conhecimento (PKM – Personal Knowledge Management), e portanto deveria ser mais apropriadamente chamada de “GC 0.0” (numeração para trás, e não para frente, portanto).

Foto do autor

Dave Pollard

O artigo de Pollard é interessante por dois motivos: primeiro, porque enumera um conjunto de práticas e ferramentas que podem ser utilizadas pelos indivíduos para a gestão de seu conhecimento pessoal. Neste sentido, “PKM” é entendido como “Personal KM”.

O segundo motivo é porque em certo grau discordo dele. Pessoalmente acredito que “PKM” deva ser entendido como “PK Management” – ou seja, como um esforço corporativo para o gerenciamento do conhecimento pessoal.

O PKM se entendido dessa forma provavelmente implicará no estímulo dentre os profissionais da organização à adoção dessas mesmas práticas e ferramentas, mas como parte de um conjunto de ações providas de propósito no contexto corporativo.

A “GC 2.0” não é, assim, reedição da “GC 0.0”.

Gestão do conhecimento, a meu ver, é um empreendimento corporativo – e que portanto implica na execução sistemática de processos de administração (por definição: planejamento, organização, supervisão, direção e controle) para benefício da organização como um todo, e não somente dos profissionais individualmente.

É importante dizer também que nesse contexto os repositórios centralizados (amaldiçoados como característicos da “GC 1.0” concebida na década de 90) têm papel importante, para acesso aos registros produzidos e aprimorados pelos outros profissionais da mesma organização. Embora não se possa cometer o mesmo erro da supervalorização da TI como sinônimo de GC, não se pode cometer o novo erro de ignorar a TI como ferramenta de GC.

O artigo original vale a leitura.

Dave, just in case you get to this point: if you think my point of view may be interesting to you, just leave a comment and I will send you my thoughts in english. Congratulations for your post.